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Sustentabilidade nos Bancários é apenas uma lição escolar

  • Eduarda Mariano
  • 10 de jun. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 22 de jun. de 2020


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Alunos da Escola Municipal Rotary, nos Bancários, na aula de sustentabilidade - Fonte: Kátia da Silva

Na favela dos Bancários, comunidade da Ilha do Governador com 13 mil moradores, sustentabilidade é uma lição escolar. Os alunos da Escola Municipal Rotary, colégio público da região, aprendem cedo como devem destinar o lixo doméstico. O problema é que, como muitas outras comunidades do Grande Rio, o aprendizado ainda está longe de sair dos muros do colégio e se espalhar pelas residências. A informação não se difunde entre os moradores e, nem mesmo entre os pais dos alunos. Não há em Bancários qualquer ação que ponha na prática, por parte dos adultos, aquilo que é ensinado em sala de aula.


A Escola Municipal Rotary trabalha o tema da reciclagem com todos os estudantes. O projeto, que faz parte do Plano de Ação das Coordenadorias Regionais de Educação, tem como objetivo aproximar os alunos da sustentabilidade ao dar um novo destino aos objetos que iriam para o lixo. Segundo o diretor, Fábia Emmanuel, as respostas dos jovens são muito positivas, e, refletem sobre o descarte dos resíduos e a importância da reutilização. O colégio tem parceiros que recolhem todo mês embalagens plásticas e de papel, que somam em média 60 quilos de material reciclado.



A aluna Ayane Vitória, 12 anos, disse que os alunos escutam muito sobre sustentabilidade, mas acha que ainda não há uma mobilização eficaz do tema. Segundo a estudante, muitos colegas de classe não se interessam pelo assunto. Mas a coordenadora da área socioambiental e integrante do projeto “De olho no lixo”, Marcia Rollemberg, relatou que é ainda é normal a falta de entusiasmos dos jovens, já que o processo de conscientização ecológica é longo.


- É uma mudança de cultura, de forma social de convívio das pessoas com o lixo. É preciso ter um novo hábito, criar um olhar diferente sobre o resíduo e, essa reeducação demanda tempo.


De acordo com Kátia Maria da Silva, 32 anos, moradora da Favela dos Bancários, a comunidade coloca o lixo em grandes contêineres que serão recolhidos todos os dias pela Comlurb. Moradores de rua recolhem os materiais recicláveis em troca de dinheiro. Caso houvesse mais investimento nessa área de coleta, a separação do lixo seria mais eficiente e mais rentável para o trabalhador.


Para Márcia, é indispensável o ensino da técnica para formar bons agentes da reciclagem e para render mais dinheiro ao catador. O projeto “De olho no lixo” explica para os agentes a técnica da coleta e como ganhar um bom salário com essa atividade. É possível ter um processo sustentável do resíduo, mas é preciso que alguém técnico no assunto fomente isso na comunidade.




O trabalho de reciclagem faz parte das políticas públicas, as quais demoram anos para serem formadas. De acordo com a integrante do projeto “De olho no lixo”, não é possível fazer uma política pública longa, que precisa de um aprofundamento e uma formação, com tantas mudanças na equipe. Nesse caso, é premente ter uma continuidade de trabalho para um bom resultado. Além disso, sem difundir o conhecimento e a técnica da área socioambiental a medida é ineficiente.


É preciso de tempo de ensino, de prática e de investimento para manter o funcionamento da iniciativa. A coordenadora socioambiental disse ainda que a valorização desse setor ambiental seria, a longo prazo, muito benéfico para a sociedade. Sem o ambiente impactado existiriam menos doenças, menos água poluída e mais qualidade de vida para a população. Dar prioridade para o cuidado do ambiente evitaria o gasto de dinheiro para solucionar os danos causados, como a limpeza de rios, sistema de saúde e poluição do ar.

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Contêineres para o depósito do lixo na comunidade dos bancários - Fonte: Kátia da Silva






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