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Hábitos sustentáveis aumentam durante a pandemia

Foto do escritor: Marcela CotrimMarcela Cotrim

Atualizado: 29 de jun. de 2020



Salada com batata assada, repolho, vagem e folhas de rabanete - Foto: Denise Berman

O isolamento aumenta o interesse pela compostagem doméstica e estimula as pessoas a refletirem sobre seus hábitos, principalmente acerca do consumo e dos resíduos, afirmou o empresário Claudio Spinola, um dos criadores da loja de produtos sustentáveis “Morada da Floresta”. Sua percepção é reforçada pela bióloga e dona da loja “Pensando ao Contrário” Camila Victorino. Para ela, o isolamento e a crise econômica gerada por ele fazem com que muitos percebam o grande índice de desperdício de alimentos gerados dentro de casa e comecem a procurar novas formas de consumo mais voltadas ao que não é descartável.


- A compostagem doméstica é uma incrível solução ambiental para o resíduo orgânico, é uma solução não apenas ecológica, mas é educativa, econômica e social também. Ela estimula muita coisa para a família que começa a fazer compostagem, se essa família não separava os resíduos recicláveis ela começa a separar, ela começa a prestar mais atenção nos alimentos, no que ela está comprando de alimento para casa, se o alimento que ela usa é industrializado ou natural - afirma Spinola.

Compostagem é um processo biológico de valorização da matéria orgânica que pode ser feito em casa por qualquer um. É considerada uma reciclagem do lixo orgânico, na qual minhocas e micro-organismos como fungos e bactérias realizam um processo natural da degradação de matéria orgânica e a transformam em húmus, um material rico em nutrientes e fértil, que pode ser reutilizado como adubo em hortas. A Morada da Floresta oferece a composteira Humi, com diferenciais que ajudam na hora da limpeza das caixas e no seu deslocamento.


Camila Victorino exemplifica a mudança de certos comportamentos com a chegada da pandemia quando relembra a falta de absorventes nas farmácias no início do isolamento. Isso pode ter feito com que muitas mulheres repensassem e buscassem alternativas sustentáveis como as calcinhas absorventes e copos menstruais.

- Práticas sustentáveis são mais baratas à longo prazo do que o nosso modo de consumo atual. Por exemplo, ao invés de comprar papel toalha, papel filme, papel manteiga para cozinhar, é possível trocar o papel toalha por panos, o papel filme por tecido encerrado vegano e o papel manteiga pelo tapete de silicone. Todas as alternativas fogem à lógica do descartável e em longo prazo são mais baratas - diz a empreendedora.

Pequenos hábitos como usar canudos de inox, absorventes de pano ou coletores menstruais, fazer o seu próprio desodorante caseiro, substituir produtos de higiene industrializados pelos naturais e ter uma horta em casa, são atitudes que já fazem a diferença, tanto no bolso quanto no meio ambiente. A chef do Buffet Vegano Banana Buffet, Thallita Flor, diz que o veganismo pode ser muito mais vantajoso, principalmente no cenário atual do mundo. Ela destaca que ao consumir de sua própria horta, a necessidade de se expor às ruas e aos mercados diminui.

O preço de alguns produtos orgânicos, que fogem da “corrente dominante” das produções em larga escala, é um empecilho para que mais pessoas passem a ter hábitos sustentáveis. Os indivíduos das Classes C e D não têm acesso à tais produtos, que acabam tendo preços mais altos do que aqueles produzidos pelo sistema vigente. Para a empreendedora e dona da primeira loja Zero Waste do Brasil, Lívia Humaire, “o difícil é justamente entender quais são os negócios, iniciativas e práticas que realmente não alimentam ainda mais esse sistema”. Para ela, é preciso incentivos governamentais e apoios para iniciativas que trabalham com propostas sustentáveis de forma séria. Um dos motivos pelos quais os produtos convencionais são mais baratos são porque as empresas não pagam os custos ambientais e sociais problemáticos atrelados a eles.


Claudio Spinola explica ainda que as lojas com foco em sustentabilidade produzem produtos de melhor qualidade e em pequena escala, com um preço de custo alto. Esses fatores atrelados geram um produto mais caro. Spindola diz que essas lojas só vão conseguir gerar um produto compatível financeiramente com o da produção convencional se o governo der algum tipo de apoio, como a redução de impostos na carga tributária, tendo em vista que as empresas sustentáveis disponibilizam produtos que geram impactos benéficos à sociedade e ao meio ambiente; e também quando a própria sociedade passar a consumir mais tais produtos. Na medida em que as vendas aumentam, os pequenos produtores têm um percentual de lucro excedente, que paga além das contas fixas e do custo de produção, e portanto, conseguem reduzir os preços.




Desodorantes orgânicos fabricados em casa - Foto: Gabriella Meneses

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